É crescente a lista de problemas que se transformaram em objeto de intervenção da psiquiatria: tristeza profunda, estado de angústia, dificuldade de aprendizagem e sentimento de fracasso - conflitos da vida social são agora pensados em termos médicos e tratados com medicamentos, o que pode ter consequências prejudiciais. Numa perspectiva crítica, a autora deste livro foi buscar na história os elementos que ajudam a entender como se naturalizaram essas explicações biológicas - e reducionistas - para as mazelas humanas, expandindo a psiquiatria e tornando-a uma estratégia biopolítica, segundo o referencial teórico de Michel Foucault. Sandra Caponi, doutora em filosofia e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), discute, em especial, o desenvolvimento da teoria da degeneração, conceito originário da história natural e aplicado à medicina. “Assim, a transformação epistemológica que permitiu, na segunda metade do século XIX, que a psiquiatria expandisse seu espaço de intervenção para a quase totalidade dos assuntos humanos parece persistir - ainda que profundamente transfigurada - nos atuais esforços para consolidar uma psiquiatria ampliada que se relaciona com a medicalização do não patológico”, resume. 3c1x1n
Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales | ||
Prefácio | ||
Apresentação | ||
Introdução | ||
1. Do tratamento moral à psiquiatria ampliada | ||
2. Clima, cérebro e degeneração em cabanis | ||
3. A teoria da degeneração de Morel e a emergência da psiquiatria ampliada | ||
4. A consolidação de um programa de pesquisa: Magnan e as patologias heredodegenerativas | ||
5. Emil Kraepelin e a persistência da degeneração na psiquiatria moderna | ||
6. A herança mórbida, Magnan, Kraepelin e os neokraepelinianos | ||
Conclusão | ||
Post Scriptum | ||
Referências |